Raso da Catarina

"O Nordeste reúne 30% da população brasileira, detém apenas 9% do PIB e colhe magros 5,3% da safra de grãos do país. Quase 55% dos 32 milhões de brasileiros que passam fome, segundo o Ipea, têm sua morada aqui. Nos últimos 20 anos foram investidos aqui cerca de 11 bilhões de dólares em projetos de desenvolvimento coordenados pela Sudene. Um dinheiro que a seca revela ter se volatilizado por entre caminhos que nunca levam ao sertão. Na calamidade, o governo federal listou pelo menos 50 barragens e projetos de irrigação inexplicavelmente paralisados por falta de recursos...

Na falta de açudes, gente e bichos reúnem-se nos baixios do sertão onde ainda restam alguma umidade e cacimbas de água, de qualidade discutível. Uma água nada transparente verte do fundo de uma grota, num lugar chamado Jurema, borda oeste do Raso da Catarina. O povo resiste há dois anos e sabe que está próximo do limite."

(Matéria Globo Rural - globorural.globo.com/especiais/vidas/esp_vidas.htm)

Região do noroeste baiano, o Raso da Catarina é a maior ocorrência desértica registrada no país. Passado um período de dois anos de seca, os moradores já se utilizam de “algumas tecnologias” para suprir a necessidade de armazenamento de água.
Algumas famílias estocam a água em troncos ocos de árvores, que são enterrados e formam um “túnel” por onde a água que encontra-se no subsolo sobe até a superfície. São esses alguns dos caminhos tortuosos que a população nordestina, tão carente de recursos, utiliza como forma de sobrevivência.
Devemos ressaltar que o normal, no sudeste, é um consumo de 180 litros de água por dia para cada pessoa, o que reflete ainda mais a acentuada diferença que existe entre as regiões brasileiras.